O movimento Zapatista e as resistências dignas

No sábado 11 de dezembro, aconteceu o segundo evento on-line organizado pela Mamakiya e.V. sobre movimentos sociais na América Latina, desta vez foi a vez do México, "O Movimento Zapatista e a Resistência Dignificada". Como parte de uma série de seminários sobre diferentes formas de luta que existem atualmente na América Latina, a psicóloga social e gerente cultural Evelyn Cazares e a representante do movimento territorial Amilcingo, Fernanda, apresentaram os movimentos de resistência em diferentes estados do México.

Os palestrantes: Evelyn Cazares é psicóloga social e gerente cultural. Ela trabalha com grupos de artesãos no Estado do México que estão tentando salvar seus conhecimentos depois que eles se tornaram invisíveis.

Fernanda é uma ativista do Projeto Samir, um movimento de resistência contra o extrativismo em larga escala na região de Morelos.

Título do evento: O Movimento Zapatista e Resistência Dignificada (Movimentos Sociais na América Latina: México)

Datum: 11.12.2021

Número de participantes: 26

Movimentos sociais políticos no México

"Existem diferentes movimentos sociais em Morelos". Com estas palavras, Evelyn Cazares descreve a realidade das comunidades e dos movimentos sociais na região centro-sul do país. Como primeira advertência, porém, o psicólogo sugere uma distinção conceitual entre movimentos sociais e ações coletivas. Por um lado, elas não surgem de forma desorganizada, mas há solidariedade e interação entre pessoas que compartilham o mesmo objetivo. Através de um protesto contra uma injustiça social, ações coletivas contínuas e duradouras emergem necessariamente ao longo do tempo. Em contraste com estas ações coletivas, os movimentos sociais se esforçam para criar redes e conexões que articulam objetivos comuns entre grupos de pessoas. Para isso, a participação coletiva baseada na solidariedade, ação política e redes de apoio é crucial para tornar as demandas visíveis de uma forma perturbadora que rompa com a vida cotidiana. Os objetivos são claros: provocar mudanças através da apropriação do espaço e enfrentar estruturas de poder baseadas na discriminação, ou seja, uma forma de escrever e reivindicar uma narrativa.

O Projeto Morelos Integral (PIM)

Fernanda, representante dos movimentos de resistência contra o projeto "Morelos Integral", explica a luta que vem sendo travada há vários anos contra o extrativismo na região. Seguindo o exemplo e em memória de Samir Flores, um ativista que denunciou o impacto ambiental de uma usina de energia em Morelos e foi assassinado em 20 de fevereiro de 2019, nasceu o movimento "Proyecto Samir".

O projeto é um mega projeto energético promovido pelo Estado mexicano em cooperação com as empresas espanholas Abengoa, Elecnor e Enagás. É para chegar até o Panamá e está dividido em regiões. Seu principal objetivo é a extração em grande escala de recursos minerais através de um aqueduto, uma usina hidrelétrica, um gasoduto e uma usina termelétrica, que afetará mais de 80 comunidades na região e ameaçará a atividade vulcânica da área.

Em resposta, vários movimentos de resistência surgiram, dos quais se destaca a história da comunidade de Amilcingo, de onde Samir Flores é originário. A ativista Fernanda (sobrenome) diz: "A história de Amilcingo é uma história de resistência". Desde o assassinato de Samir Flores, muitas pessoas começaram a organizar e formar uma assembléia de resistência. Entretanto, há comunidades que não participam deste tipo de protesto e, pelo contrário, vêem vantagens no projeto extrativista, o que às vezes leva a conflitos entre as pessoas.

O surgimento do coletivo Amilcingo

A luta do movimento social nesta área remonta a vários anos, diz o ativista. Graças a um festival organizado pelo movimento Zapatista, eles conheceram o lugar. Como parte deste evento, uma caravana para "Buen Vivir" (Boa vida), o que reflete o interesse das comunidades pela resistência, vida e justiça.

Resumo

Finalmente, após uma reflexão dos participantes deste seminário online sobre a necessidade de criar este tipo de diálogo e visibilidade destas situações locais, os palestrantes apontam a importância dos movimentos sociais e das organizações comunitárias para criar e salvar a narrativa dos territórios, elevando a voz daqueles que não são ouvidos para defender a vida e a natureza. Em outras palavras: medida que novas pessoas com os mesmos objetivos se unem a esses movimentos, outras formas culturais de resistência e de mudança social emergem.

Autor: Pablo Nuñez Arancibia

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